Oficina culinária infantil: contato sensorial com os alimentos de preparo

A alimentação é um fator determinante para a saúde de todos nós, inclusive para os pequenos. Principalmente nos primeiros anos de vida, as crianças apresentam um importante potencial de aprendizado e de desenvolvimento. Mas, como isso se relaciona a oficina culinária infantil?

Isso pode ser visto como uma oportunidade para o estímulo à formação de comportamentos, atitudes e hábitos alimentares saudáveis. De modo, a apresentar repercussões ao longo de toda a vida.

1. O Guia Alimentar para a População Brasileira e a oficina culinária infantil

Neste sentido, o Guia Alimentar para a População Brasileira apresenta as habilidades culinárias como promotoras de uma alimentação saudável. Por outro lado, também aponta o fato de que sua transmissão de geração a geração tem sofrido um enfraquecimento. Como resultado disso, há uma menor confiança e autonomia quanto ao preparo de alimentos pelos jovens.

A causa desta problemática é complexa. E, por isso, envolve não só a desvalorização do cozinhar como uma prática cultural e social mas também o aumento da oferta de alimentos ultraprocessado. Sendo que, estes são aqueles que apresentam muitas calorias e pouco ou nenhum alimento in natura e minimamente processado em sua composição. Dessa forma, há uma menor quantidade de fibras, vitaminas e minerais na alimentação dos pequenos.

Leia mais em: Guia alimentar e promoção da saúde.

Além disso, apresentam muitos aditivos. E, como resultado, têm-se um produto mais palatável, ou seja, mais agradável ao paladar. Isso se deve, por exemplo, a seus altos índices de sal, de açúcares e de gorduras.

Ademais, a palatabilidade atribuída aos alimentos, bem como a constituição de hábitos alimentares são fatores essenciais no processo das escolhas alimentares. Sendo, portanto, determinantes para a consolidação de uma alimentação saudável.

De qualquer maneira, essa tendência à perda das habilidades culinárias associa-se ao crescente desinteresse por alimentos in natura e minimamente processados. Adicionando-se ao investimento, cada vez maior, na publicidade de alimentos ultraprocessados. Bem como, o incentivo ao consumo deste tipo de alimento.

Assim, os mais jovens se afastam cada vez mais dos alimentos em sua forma original e com menos processamento. Isso ressalta a importância do estímulo do interesse por práticas culinárias das crianças desde cedo. De forma a, familiarizá-las com esses processos e com os alimentos em sua forma mais natural.

2.A importância da oficina culinária infantil e do contato sensorial com os alimentos

Desta forma, atividades como oficinas culinárias são grandes aliadas na educação nutricional das crianças. Isso por apresentarem a capacidade de aumentar o nível de interesse dos pequenos pelo cozinhar e pelos alimentos menos processados.

A partir disso, há um impacto positivo em toda a vida dessas crianças. Principalmente no que diz respeito à alimentação e à saúde no geral.

Logo, as oficinas culinárias também podem ser muito associadas a práticas culturais. Ressaltando assim, a importância de serem retomadas e relembradas como parte da história de uma família, de um povo e até mesmo de si. Além de, por meio de diferentes preparações, poderem se aproximar um pouco mais de costumes de uma cultura diferente.

2.1. Os benefícios para o paladar infantil

Além disso, a aproximação ao ato de cozinhar desde cedo pode estimular a criatividade. Bem como, conferir maior conhecimento e percepção acerca dos alimentos e suas variedades, por meio de todos os sentidos.

Desse modo, contribui para ampliar a consciência das crianças em relação à sua diversidade. Como, as cores, formatos, sabores, aromas, texturas, aparências e até mesmo sons. Isso porque, essas atividades estimulam a curiosidade das crianças ao permitir que coloquem, literalmente, a mão na massa e que degustem os diferentes alimentos. Com isso, aumenta-se o contato sensorial com esses alimentos de preparo.

Portanto, é uma forma de experimentação sensorial do início ao fim. Desde antes de tocarem os alimentos, as crianças já conseguem vê-los. De modo a identificar suas cores, seus tamanhos, seus formatos e podendo até mesmo sentir seus cheiros.

Com isso, ao tocá-los, podem sentir suas texturas. Ao degustá-los e com base em toda essa experiência sensorial, podem também criar e perceber as inúmeras possibilidades de combinações na cozinha. Durante todo esse processo, os pequenos já conseguem provar os alimentos em diferentes formas e preparações. De modo a conhecê-los de maneiras variadas, estimulando seu paladar. E, então, preparando-os para uma maior diversidade de sabores e texturas das preparações.

3.Novas oportunidades e aceitação dos alimento através da oficina culinária infantil

Por meio de oficinas culinárias, os pequenos também podem ter novas oportunidades de experienciar os alimentos. Visto que, o contexto, o modo de preparo e com quem, como e onde se come podem alterar o nível de aceitação de determinadas preparações.

Assim, apresentar os alimentos em um ambiente diferenciado, no qual possam explorar mais e ter mais autonomia, pode interferir positivamente na aceitação dessas crianças em relação aos alimentos apresentados.

Por isso, as oficinas culinárias podem ser importantes espaços para se introduzir alimentos com menor aceitabilidade das crianças e alimentos in natura em geral. De forma, a apresentá-los de modo mais atrativo e em um ambiente diferente dos quais estão acostumadas.

4.Aspectos culturais e diversificação do paladar

A partir disso, o contato sensorial com os alimentos de preparo também aumenta os repertórios culturais dos pequenos. De modo a promover o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças acerca de diferentes costumes, além de despertar sua curiosidade natural.

Logo, com um maior incentivo e estímulo a experimentar os diversos alimentos, elas podem desenvolver um paladar mais eclético. Tendo, por consequência, maiores chances em apresentar uma alimentação saudável no futuro também.

Isso visto que, alimentos mais diversos tendem a culminar em uma alimentação mais saudável. Já que, seus nutrientes desempenham funções diferentes no nosso organismo. Ademais, isso também pode acontecer ao analisarmos as cores dos alimentos, por exemplo. Já que, quanto mais diversas forem as cores da sua alimentação, maior a probabilidade de ela ser mais saudável e equilibrada em nutrientes. Uma vez que, diferentes pigmentações dos alimentos também podem indicar maior variabilidade da composição dos alimentos que se consome.

5.Memória afetiva

Além disso, toda essa carga sensorial envolvida nas preparações e nas práticas culinárias está muitas vezes atrelada a momentos memoráveis. Ou seja, envolvendo muito sentimento, afeto e carinho, já que cozinhar com e para as pessoas também é uma forma de transmitir afeto, de cuidado e de saúde.

Afinal, quem nunca lembrou da avó ou de alguém muito especial ao sentir o aroma ou o sabor de uma comida caseira, não é mesmo? Isso porque, as práticas culinárias têm esse enorme potencial de resgatar ou mesmo de criar toda essa bagagem e são capazes de apresentar memórias afetivas. De modo que, quando temos qualquer tipo de contato sensorial com determinados alimentos ou preparações, somos capazes de relembrar momentos marcantes da nossa trajetória.

E, é por isso também que é tão importante introduzir a culinária desde cedo, em um ambiente agradável, e de forma atraente para as crianças. Dessa forma, elas posdem criar essas lembranças positivas com a comida caseira. E, com isso carregar bagagens, que muitas vezes podem trazer o significado de aconchego, ao mesmo tempo que nutre.


6. Concluindo

Assim, percebe-se que cozinhar envolve diversos fatores de nossas vidas. E, principalmente quando crianças, temos um grande potencial de desenvolvermos uma relação saudável com as práticas culinárias.

Com isso, diante da tendência à perda da transmissão de habilidades culinárias de geração a geração, pode-se considerar que as oficinas culinárias são fundamentais na ludicidade deste aprendizado. Isso, por serem bastante experimentais e estimularem os sentidos das crianças. De forma a resultar em uma maior compreensão de como pode se dar uma alimentação saudável na prática.

Logo, por meio dos sentidos, as crianças também podem entender como podemos construir uma alimentação mais atraente e equilibrada. Analisando com isso, diversidade de cores, texturas, sabores e aromas. Além de, estabelecer uma relação saudável com os alimentos in natura e minimamente processados desde cedo. O que pode ser um fator determinante para a saúde dos pequenos por toda a vida.


7. A Nutri Jr USP e a oficina culinária infantil

A Nutri Jr USP apresenta em seu portfólio o serviço de oficinas culinárias e também outras atividades de educação nutricional para as crianças. É importante ressaltar que, compreendemos a importância, a responsabilidade e a potencialidade de se trabalhar com o público infantil. De modo a contribuir com a formação de seus hábitos alimentares saudáveis desde cedo, que podem apresentar repercussões e impactos positivos ao longo de toda a vida.

Por isso, buscamos sempre entregar serviços de excelência, além de contarmos com o apoio de professores doutores renomados da Faculdade de Saúde Pública, da Universidade de São Paulo (USP).

Referências

BERNART, Aline; ZANARDO, Vivian P. Skzypek. Educação Nutricional para Crianças em Escolas Públicas de Erechim/RS. 7. ed. Vivências: Revista Eletrônica de Extensão da URI, Outubro 2011. 

BRASIL. Ministério da Saúde. Guia Alimentar para a População Brasileira. 2. ed. Brasília, DF: MS, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica, 2014.

SESC. Diversão, experimentação e aprendizado nas aulas de culinária da Educação Infantil. Outubro 2018

SILVA, Cynthia de Oliveira Rio Lima da. Palatabilidade: da formação à associação com o excesso de peso e possíveis co-morbidades associadas. Universidade Federal de Pernambuco, 30 jan. 2015.