EAN na infância: hábitos para a vida inteira

Tocou o sinal do recreio, hora do lanche na escola, quando a menina abre a lancheira temos: de um lado, um pacote de biscoito ultraprocessado e todo colorido; do outro, uma fruta esquecida na lancheira. Adivinha qual some primeiro?
Nós sabemos qual é a resposta e esse é um dos motivos que fazem a Educação Alimentar e Nutricional ser algo tão essencial ultimamente.
Mas o que é Educação Alimentar e Nutricional (EAN)?
A Educação Alimentar e Nutricional (EAN) é um conjunto de ações que ajuda as pessoas a aprenderem a cuidar melhor da própria alimentação.
O objetivo não é só dizer o que é “certo” ou “errado” comer, mas mostrar caminhos para que cada um consiga escolher o que faz sentido para sua saúde, sua cultura e sua rotina.
Na prática, isso acontece por meio de projetos em escolas, comunidades e até em casa, que estimulam desde o cultivo de uma horta até a leitura de rótulos ou o preparo de receitas.
O foco é dar autonomia: em vez de seguir regras prontas, a pessoa entende, reflete e decide por si mesma como ter hábitos alimentares mais equilibrados e prazerosos.
Por que começar na infância?
A infância é uma fase decisiva para a construção de hábitos que podem acompanhar a pessoa por toda a vida.
O cérebro das crianças tem uma capacidade incrível de aprender e se adaptar — é a chamada neuroplasticidade. Isso significa que elas não só aprendem rápido, como também têm mais facilidade para desenvolver o gosto por novos sabores.
Além disso, esse é o período da curiosidade. Crianças adoram explorar, questionar e experimentar. Quando bem direcionada, a Educação Alimentar e Nutricional aproveita essa curiosidade natural para estimular descobertas no prato: provar alimentos diferentes, conhecer combinações e ampliar o repertório alimentar de forma positiva.
Outro ponto essencial é que as crianças têm um enorme poder de influência dentro de casa. Muitas vezes, quando aprendem algo novo sobre alimentação, acabam levando esse conhecimento para a família inteira.
Não é raro ver pais repensando escolhas porque o filho chegou da escola questionando um rótulo ou pedindo para comer um alimento que experimentou em um projeto de EAN. Nesse sentido, educar as crianças é também educar os adultos ao redor.
Os obstáculos da alimentação saudável atualmente
Hoje, as crianças crescem cercadas por estímulos que dificultam uma relação saudável com a comida. A exposição constante a propagandas de ultraprocessados, muitas vezes estreladas por personagens de que elas gostam, cria uma conexão emocional com alimentos que, na prática, não fazem bem à saúde.
Somado a isso, a rotina corrida das famílias acaba favorecendo escolhas rápidas: pedir delivery ou recorrer a lanches prontos se torna a saída mais comum, mesmo que o valor nutricional seja baixo.
E ainda há outro fator: o contato precoce com as telas. Além de tornarem as crianças mais sedentárias, elas transformam o momento da refeição em uma atividade automática — muitas assistem desenhos enquanto comem, sem perceber de fato o que estão consumindo.
Os impactos positivos de comer bem desde criança
Sabemos que uma boa alimentação é importante para todos, mas, quando falamos de crianças, os impactos vão ainda mais longe:
- Saúde física: não é porque são pequenas que estão imunes a doenças como obesidade, diabetes e hipertensão. Quanto antes aprendem a diferenciar alimentos do dia a dia daqueles que devem ser consumidos com moderação, maiores as chances de crescerem com saúde e prevenirem problemas futuros.
- Desenvolvimento cognitivo: cérebro precisa de combustível de qualidade. Sem energia suficiente e sem os nutrientes adequados, o aprendizado e a concentração ficam prejudicados.
- Relação positiva com a comida: quando falta conhecimento, surge medo ou dúvida na hora de comer. A EAN ajuda a transformar a alimentação em um momento de prazer e consciência, e não em algo cheio de regras ou restrições sem sentido.
- Resgate cultural e social: comer não é só nutrir o corpo, é também partilhar tradições, histórias e vínculos. Quando a refeição vira apenas obrigação, perdemos essa dimensão cultural que fortalece identidade e pertencimento.
Formas de colocar a EAN em prática com crianças
Agora que já entendemos por que cuidar da alimentação das crianças faz tanta diferença, vamos ver na prática como a EAN pode acontecer no dia a dia:
- Hortas escolares: uma experiência coletiva que ensina de onde vem a comida. Do plantio à colheita, as crianças percebem que a alface não “nasce no mercado” e criam mais conexão com os alimentos naturais.
- Oficinas culinárias: cozinhar pode ser educativo e divertido. Além de aprender receitas, as crianças descobrem para que servem os ingredientes e entendem o impacto deles no corpo.
- Leitura de rótulos como brincadeira: transformar embalagens em material de aprendizado é uma ótima estratégia. De forma lúdica, elas descobrem como o alimento foi feito e percebem a diferença entre o marketing da frente da embalagem e as informações da tabela nutricional.
- Participação no preparo das refeições em casa: quando ajudam a cozinhar, as crianças exploram sabores, texturas e entendem melhor o que estão colocando no prato. Isso aumenta a autonomia e a aceitação de novos alimentos.
Educar para comer, educar para viver
Por fim, é importante lembrar: Educação Alimentar e Nutricional não é “fazer dieta”, mas sim dar autonomia e conhecimento para que cada pessoa consiga se relacionar melhor com a comida.
As crianças, muitas vezes subestimadas, são capazes de aprender rápido, aplicar no dia a dia e ainda levar esses ensinamentos para dentro de casa, influenciando pais, irmãos e toda a comunidade ao redor. É um efeito multiplicador poderoso.
Pequenas práticas diárias já fazem diferença — e quando bem estruturadas em projetos, o impacto pode ser transformador.
Na Nutri Jr, levamos a sério nossos projetos de EAN porque sabemos que, ao ensinar sobre alimentação, não estamos apenas falando de comida: estamos falando de saúde, de cultura, de futuro.
Educação Alimentar e Nutricional é, acima de tudo, um investimento em pessoas — e deveria estar presente em todos os contextos possíveis.
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