Introdução

A confusão entre alergia e intolerância alimentar é frequente. Embora ambos representem problemas relacionados com o consumo de determinados alimentos, são conceitos diferentes. Apresentam casos clínicos e mecanismos fisiológicos específicos.

A fim de tirar dúvidas acerca do tema, o texto a seguir disserta sobre as diferenças entre os termos, os sintomas e o tratamento, apresentando exemplos para cada um. Por fim, é discutida a influência e os impactos da tabela nutricional na parcela da população que possui intolerâncias ou alergias alimentares.


Alergia Alimentar

As alergias alimentares são causadas a partir de respostas exageradas do sistema imunológico ao consumo de determinados alimentos. Caracterizam-se por um conjunto de reações desencadeadas por mecanismos imunológicos mediados ou não pela Imunoglobulina E (IgE). A parte do alimento que causa a alergia é denominada alergênico.

Na maioria dos casos, no primeiro contato do organismo com o alergênico o sistema imunológico produz os anticorpos IgE, citados anteriormente. O IgE é um tipo de glóbulo branco presente na corrente sanguínea.

Em síntese, esse primeiro contato tende a tornar a pessoa sensibilizada ao alimento. Os próximos contatos podem fazer com que esses glóbulos brancos com IgE liberem certas substâncias que produzem inflamações, responsáveis por desencadear uma cascata de reações.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria, a alergia alimentar é mais comum em crianças menores de 3 anos, tendo prevalência de aproximadamente 6%. Em adultos, a incidência é de 3,5%, sendo 2,2% referentes a alergia à proteína do leite de vaca.

Sintomas

As reações variam de leves a graves, podendo levar a sérias complicações nos órgãos ou até mesmo a óbito. Os sintomas surgem depois de alguns minutos até duas horas depois do consumo do alergênico.

Os mais comuns são:

  • Erupções cutâneas;
  • Inchaço; 
  • Dificuldade de respirar;
  • Febre;
  • Vômito;
  • Coriza;
  • Coceira na pele;
  • Dor abdominal.

Nos bebês, o primeiro e mais frequente sintoma é a dermatite atópica.

Existe também um tipo de reação chamada reação anafilática, que consiste na manifestação de sintomas muito graves, incluindo problemas cardiovasculares. Se não tratada imediatamente com uma dose de adrenalina, pode ser fatal.

Sendo assim, o diagnóstico correto é extremamente necessário para evitar complicações futuras. 

Exemplos de Alergias Alimentares

Uma das alergias alimentares mais comuns é a alergia à proteína do leite de vaca, mais conhecida como APLV. 

Esse tipo de alergia é mais frequente em crianças, é estimado que 2 a 3% das crianças menores de 3 anos possuem APLV. É possível que ao longo do tempo a criança não apresente mais tal alergia.

Além do APLV, os principais alimentos envolvidos na alergia alimentar são:

  • Peixes e frutos do mar;
  • Ovo;
  • Amendoim, castanhas e nozes;
  • Soja;
  • Trigo.

Estima-se que esses alimentos representem 90% dos casos.


Intolerância Alimentar

Diferentemente da alergia alimentar, a intolerância não envolve respostas do sistema imunológico. Trata-se de qualquer reação adversa de caráter não imunológico que causa um distúrbio digestivo, como a deficiência de determinadas enzimas. 

Intolerância à Lactose

A intolerância à lactose é o tipo mais comum de intolerância alimentar. Está presente em 65% da população mundial. É caracterizada pela incapacidade do organismo de digerir a lactose – um açúcar naturalmente presente no leite que quando quebrado pela enzima lactase, gera galactose e glicose -.

Dessa maneira, a pessoa com intolerância à lactose apresentará sintomas gastrointestinais após o consumo de alimentos com tal componente. Os sintomas incluem:

  • Diarreia;
  • Flatulência;
  • Vômito;
  • Dores ou desconforto abdominal.

Podem variar de acordo com a quantidade de leite com lactose consumida e com o nível de intolerância do indivíduo.


Doença Celíaca

Tratando-se da doença celíaca, existem muitos questionamentos acerca do tema. 

É uma alergia alimentar? Uma intolerância? 

Nenhuma das duas!

Sendo assim, a doença celíaca não é uma alergia alimentar e nem uma intolerância.

Para entender mais sobre, confira outro texto do nosso blog: “Doença Celíaca e o Consumo de Glúten


Tratamentos para Alergias e Intolerâncias

Embora a alergia e a intolerância alimentar sejam problemas distintos, o tratamento para ambos é a dieta de eliminação. Em outros termos, consiste na restrição do alimento.

No caso da alergia, é necessária a restrição não somente do alimento responsável diretamente pela alergia mas como também daqueles que podem conter traços do alergênico em sua composição.

Em relação à intolerância à lactose especificamente, nos últimos anos houve um aumento do número de leites sem lactose para compra e consumo. Por conseguinte, é reduzida as restrições na dieta, facilitando a vida daqueles que possuem tal intolerância.

Além disso, a suplementação enzimática de lactase em cápsulas é uma alternativa eficiente que permite o consumo de leite e derivados normalmente, sem a presença de sintomas gastrointestinais.


Tabelas Nutricionais

A tabela nutricional é fundamental quando se trata de alergias e intolerâncias alimentares. Em razão da lista de ingredientes presente e da possibilidade de identificar alergênicos “escondidos” nos alimentos. 

Ademais, é comum que os alimentos processados apresentem traços de possíveis alergênicos que podem não ser identificados evidentemente.

A RDC 26 publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa – em 2015 estabelece a obrigatoriedade da lista de alergênicos nos rótulos nutricionais, a fim de garantir o acesso dos consumidores a informações compreensíveis e visíveis sobre a presença dos principais alimentos que causam alergias alimentares.

Assim sendo, os alimentos embalados devem conter a declaração: 

“Alérgicos: Contém (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares)”, “Alérgicos: Contém derivados de (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares)” ou “Alérgicos: Contém (nomes comuns dos alimentos que causam alergias alimentares) e derivados”, conforme o caso.

Diante disso, os principais alimentos que causam alergias alimentares e devem ser obrigatoriamente declarados são:

  1. Trigo, centeio, cevada, aveia;
  2. Crustáceos;
  3. Ovos;
  4. Peixes;
  5. Amendoim;
  6. Soja;
  7. Leites de todas as espécies de animais mamíferos;
  8. Amêndoa;
  9. Castanha de caju;
  10. Macadâmia, entre outros.

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Referências

BRASIL; MINISTÉRIO DA SAÚDE; AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução RDC nº 26/2015. Dispõe sobre os requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam alergias alimentares. 2015. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2015/rdc0026_26_06_2015.pdf 

Associação Brasileira de Alergia e Imunologia.


Autora: Giovana Facina – Diretora de Marketing